quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pequena história colateral dos novos tempos



Saindo do Rio de Janeiro, a primeira vinda foi cortesia da Amigo Produções. O clipe veio na mesma leva de sucessos como o Monstro DJ e Bicicleta Humana. Mas os Avassaladores e a sua Sou Foda claramente tinham algo a mais. Algo que transformaria a canção em um fenômeno da internet e em um sinal dos novos tempos para os direitos autorais.

A auto-confiança está estampada na cara do moleque que, sobre um fundo animado psicodélico, morde os beiços antes de citar de cabeça todas as pessoas que ele é melhor e todos os lugares onde ele esculacha a mulher amada. Enquanto isso os seus companheiros, mais pra trás, fazem uma dança aparentemente infazível pra quem não nasceu no RJ. Eu, pelo menos, não conheço ninguém que saiba.

Nesses tempos em que ninguém sabe mais diferenciar o que é consumo irônico e o que é consumo, não deu pra ficar indiferente. O vídeo e o pancadão que ele ilustra fizeram a peregrinação, por blogs e redes sociais, comum aos hits do Youtube. A cena do beiço ganhou até um gif próprio. Enquanto isso, os Avassaladores faziam uma versão "clean" de Sou Foda pra tocar no rádio ou na TV.













Mas o moralismo tem mais força nas mídias de velho tradicionais e os Avassaladores ainda não são o MC Serginho. A trajetória da "profana" versão original, vinda do mundo moralismo-free do funk carioca, tinha mesmo que passar pelo mundo moralismo-free da internet pra ganhar ainda outros mundos.

Outros dois moleques, Cacio e Marcos, adicionaram um violão, uma melodia e fizeram uma versão sertaneja, totalmente de brinks, como mostra o vídeo gravado no quarto (não no beco, nem no carro) com a participação "do forever alone", como eu li em algum lugar por aí.



Pois essa transfusão de bagaceiragem fez aparecer um submundo sertanejo moralismo-free. Ou isso ou no meio rural (supondo-se que é do sertão que saem as duplas sertanejas) "foda" deixou de ser palavrão (até porque, convenhamos...), porque a versão Cacio e Marcos foi apropriada e profissionalizada por pelo menos mais duas duplas.

E quem não podia ficar pra trás na arte da apropriação eram justamente os habitantes da internet: os nerds. Vejam a plaquinha que eu presenciei num evento otaku recente:






















Detalhe na Saori Kido aqui embaixo. A foto é obra desse cidadão aqui.

E a última encarnação de Sou Foda que bombou (que eu saiba), mashup com a abertura de Sakura Card Captors:



Mas ainda existem várias versões rolando por aí, e o Não Salvo fez uma compilação parcial: Overdose de Sou Foda. Tudo isso, até onde eu sei, só com a internet e, subversão máxima, sem participação do ECAD. Até que venha um representante do ECAD aqui dizer o contrário.

E deve acontecer, visto que os sertanejos com certeza tão ganhando dinheiro com isso. Menos os que começaram a brincadeira, que continuam tocando no quarto.

Por fim, o sucesso de Sou Foda deve ter sido parelho no mundo do funk, porque ela ganhou uma paródia dos medalhões Gorila & Preto.

6 comentários:

Nic Hck disse...

Po, fiquei com medo que tu não fosse citar Gorila e Preto, o texto tava chegando no fim e nada da melhor de todas adaptações aparecer!

José Antonio Magalhães disse...

Estou ouvindo, pela janela, uma versão pagode de "Stop com Rolling Stones / Stop com Beatles' songs"

Me matei de rir de "no escuro sou invisível"

Diguidim diguidim diguidim

Anônimo disse...

José Antonio diz:
asuidhauisdhauisdhauisdhas
se tu comentar lá o Robertinho ficará feliz
Bruna diz:
a única coisa que me veio à mente foi 'eu consigo fazer essa dança'
haehehahaeahe
José Antonio diz:
asuidhauisdhauisdha
então diz
iausdhiuashdi
já conseguias antes de estar no rio?
Bruna diz:
óbvio
eu sou sinistra!

Oi, Robertinho, espero que fiques feliz.
Um beijo e um esculacho.
Bruna.

P.S.: minha mãe nem se emocionou um poquinho com o vídeo oficial. tá por fora...

Unknown disse...

PQP... a original já era péssima, mas a sertaneja passou dos limites... se isso é um retrato do nosso tempo..."parem o mundo que eu quero descer".
Obs:Poderiamos fazer uma versão grunge (um sou foda mais tristonho e deprimido)rssrsrs.

Fernando

Karen disse...

Tenho duas coisas a dizer.
1: Não entendo a relação violão-voz da versão sertaneja.
E 2: EU SÔ BÍÚÚÚRIFÔÔÔÔÔ!

Karen disse...

Adendo:
Acho a versão Card Captors simplesmente esplêndida. Sério. Reparem como tudo combina e se encaixa, desde a melodia, a letra e a dança.